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Empresas Familiares em transição?

12 FEV 2018

Empresas Familiares em transição?

A nada ser feito teremos menos famílias empresárias, menos e piores empresas e, provavelmente, assistiremos à sua aquisição/integração em grupos estrangeiros.

 

 

Portugal conheceu, ao longo do último meio século, mudanças de enorme dimensão e, em muitos casos, a ritmos pouco habituais.

Também na área empresarial assim tem sido. Desapareceram grandes grupos económicos e outros surgiram. Os ciclos das crises levaram também à extinção de milhares de empresas de menor dimensão e, nalguns casos, à extinção integral de sectores de actividade.

Há, no entanto, uma realidade peculiar que nos parece dever merecer hoje especial atenção. Nas décadas de 70 e 80 do século XX foram sendo criadas em Portugal muitas empresas, predominantemente familiares, que visavam responder a desafios de vária natureza que, à época, se colocavam.

Ou porque o emprego era escasso e era necessário encontrar uma solução, ou porque a resposta ao regresso de África só teve esse caminho, ou, ainda, porque o crescimento e a sofisticação do consumo criavam oportunidades e, também, porque a adesão à União Europeia e o boom da construção, pública e privada, a isso obrigaram.

Muitas destas empresas, hoje com 30/40 anos, prestaram e continuam a prestar, um serviço relevantíssimo ao país. Veja-se o que diz a este propósito, e cito, o estudo Longevidade Empresarial, que abrange o período 2007-2015: as empresas maduras representam 55% do volume de negócios e 46% do emprego do universo empresarial. “Têm em média 32,4 anos de idade, face a uma média de 13,1 quando considerado todo o universo das empresas” e o seu peso tem vindo a crescer, dos 17,1% em 2007 para os 22% atuais, reforçando o seu peso no tecido empresarial.

Deram vida ao interior, empregando milhares de pessoas e honrando os seus compromissos, e são detentoras de elevada solidez económico-financeira. Assinale-se, no entanto, que muitas destas empresas têm uma dimensão que, quando chega o momento da sucessão, se revela frequentemente geradora de problemas por vezes insolúveis.

Por um lado, porque tendo a titularidade do capital e da gestão natureza familiar, frequentemente as famílias ou não têm vocação empresarial ou não têm sucessor. Em muitos casos, a geração seguinte fez uma opção por “profissões intelectuais” e não tem hoje qualquer competência para se posicionar como investidor ou como gestor, mesmo que quisesse. Por outro, uma grande concentração da gestão e direcção na pessoa do fundador não permitiu criar e desenvolver gestores profissionais que possam conduzir o negócio. Outrossim, a dimensão das empresas não lhes permite enfrentar os desafios da internacionalização e da resposta ao mercado global, questões que a última década demonstrou serem essenciais à sobrevivência.

 

Estas são situações de empresas familiares que correm o risco de deixar de o ser e, nalguns casos, de deixar de ser empresas.

Talvez valha a pena caracterizar rigorosamente esta realidade e desenvolver políticas públicas que contemplem algum tipo de estímulo à sua fusão, consolidação e profissionalização. Por outro lado, talvez a banca e investidores institucionais possam alocar uma parte dos seus recursos em investimentos deste tipo, nomeadamente através de fundos de investimento com esta vocação específica.

A nada ser feito teremos menos famílias empresárias, menos e piores empresas e, provavelmente, assistiremos à sua aquisição/integração em grupos estrangeiros. Enquanto isso vamos ficando mais pobres, mais desertificados e menos empreendedores.

 

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